P'ra se contar uma história
há-de-se vestir de história.
P'ra se vestir de história
há-de-se despir da própria pele
se tatuar de gestos largos e comedidos
se impregnar de sons e cheiros
ter no olhar o brilho das estrelas
e o escuro do poço mais fundo
sem perder as nuances, todas elas
que habitam entre o clarão e o escuro!
P'ra se contar uma história
há-de-se mergulhar nela
sem medo de morrer afogado
há-de-se levá-la às alturas
sem medo de despencar do alto.
P'ra se contar uma história
há-de-se inventar palavras
há-de-se despertar choro
há-de-se acender risos
sem se dar por isso.
P'ra se contar uma história
há-de-se cantar cada palavra
com gosto de palavra nova
e cada palavra nova
o som dos sinos trazer consigo
a ecoar desde o sempre até ao infinito
fundindo silêncio e grito
de toda memória...
P'ra se contar uma história
há-de-se despir da própria pele
se tatuar de gestos largos e comedidos
se impregnar de sons e cheiros
ter no olhar o brilho das estrelas
e o escuro do poço mais fundo
sem perder as nuances, todas elas
que habitam entre o clarão e o escuro!
(Batista Filho)